Acordo em um lugar estranho, o cigarro pela manhã, o mal estar, o corpo com reflexos da noite, a sacada cheia de prédios, o horizonte composto de sacadas
Me fazem nascer um sorriso no peito, estou vivo, livre e seguindo alguns instintos... A memória ainda me manda fotos suas, não importa o quanto eu beba ou fume, as imagens ainda vem...
Vou tomar um café, devo me manter acordado, os sonhos são lugares perigosos, você aparece por lá como se fosse sua casa.
Os raios do sol já estão há muito tempo na cozinha, o modelo de pessoa que dizem que eu deveria ser já estava em alguma atividade a essa hora. Eu liguei o foda-se, estou em cauterização, meu coração é um guerreiro sem escudo, eu preciso de cicatrizes... Talvez... Se eu fosse mais equilibrado isso não seria necessário. Mas eu até gosto dos meus desiquilíbrios, eles me fazem viver mais em menos tempo, não sou alguém paciente... Ela deve estar vivendo mais, eu tento encontrar mais vida por aí...
O mundo é estranho, tantas Coisas únicas e singulares no universo e eu passo meu tempo escrevendo sobre ela. Em segredo, as vezes eu converso com ela na minha cabeça, ela sempre me pareceu mais ajuizada, fico mais seguro das minhas reflexões quando confirmo com ela. Agora não tenho mais a companhia dela, tenho que conversar com meus textos, preciso expurgar a saudade que me afoga as idéias, o mal estar estomacal que me sinaliza a falta dela, o anseio de tentar costurar o que eu rasguei, as imagens... na de agora, você está explicando coisas mirabolantes e me dizendo pra eu parar de te olhar tanto tempo com cara de bobo, seus olhos foram a declaração de amor mais bonita que eu já tive, com seu sorriso no canto esquerdo. Seus olhos, seu sorriso, seus seios, suas conversas... Tudo isso lateja.
Lateja, pulsa, reagrupa.
Não me esqueci de mim...
Só teimo em lembrar de você.