Poema Que Eu Devia Enterrar Comigo


Me sinto nocivo
Ao ponto de estragar dias
Ao ponto de intoxicar vias
Respiratórias, sanguíneas...
Meus problemas
Arame Farpado que espeta
Todo
Que toco.

Quero saber se contribui
UMA vez
Pelo menos uma.
Sem Pesar,
Sem Pena,
Sem Dó.
A Violência
salta
A demência
Lá dentro
do meu crânio
Desce pra boca do estômago
Me quebra osso por osso.
Meu talento é torto,
Decorativo
Excêntrico
Vaidade de encher ego alheio.
Banzo,
Cadê as rédeas da mente?
Amor próprio
É...
Tão fácil
Teoricamente.
-- Papini

SÃO PAULO


Alguma coisa tece
E o tecido cobre
o que acontece?
Eu rezo, faço prece
O Nariz sobe, o santo desce
Freio o acelero, volta sete
Vezes sete
Reproduzem feito lebre
Dizem que o ser é coisa leve,
Não conversam só repete, repete
...
E que ninguém me moleste!

De cada um o que carece
É que a gente sempre esquece
Minha dor também te fere
E Não muda que é no leste
Que o sol vai padecê
Toda tristeza me lembra um clichê
Vou caçar o resto da minha liberdade
Com você
Nos preocupa tanto explicar,
que a gente esquece de dizer...
Trampo, Tempo, Trago
no peito o desespero, a consciência do estrago
Vem a neura todo dia,
assim que vejo o extrato
da conta Vazia
A tanto tempo, a gente nota o descaso
do estado
de espírito
Assim me vejo, como pregar o desapego
Se nem eu estou comigo?
E a paranoia cresce,
acumulando inimigos
Seguimos
Sem saber qual
Os caminhos são confusos
Os poemas são lamentos, as palavras vão com o vento
Quero extrapolar meus versos
Vivo desviando da dor
E o emprego??
Martelando feito prego
A pergunta me esfola
E na mente a fuga grita, como vou viver de esmola?
Quero correr da minha sina
Espero que a canção me sirva
De incentivo pra lembrar
do verso que foi promessa:
"Eu vou e prometo me cuidar"
-- Papini

Baseado Em Fatos Surreais


Hoje mais uma vez um cano mirava na minha cabeça
Mais um dia de corre que parece de esteira
dizem que é minha perna direita que tropeça na esquerda
Hoje mais uma vez um cano mirava na minha cabeça
Eu desejava a bala mas lembrei daquela preta...
naqueles segundos em câmera lenta
O medo se misturou com o ódio enquanto meu rosto batia no muro
Se tem gente cansada de ouvir, imagina quem tá fazendo o discurso...
Eu queria falar do por do sol, de canteiros, deixar minha tristeza de lado
Mas nem preciso andar torto, sua filha já acha que eu to armado
Empoderamento mertiolate, sopra enquanto a ferida arde
Precisamos falar sobre cura, remédio e arte
Hoje mais uma vez um cano mirava na minha cabeça
Deus me livre da esquerda e me salve da direita
Que eu saiba meu tataravô não apitou nada na revolução francesa
Espantar os males? é a farda e o martelo que cantam pro meu povo subir
Atenção irmãos, se vocês se olharem aqui vai ser pique revolução do Haiti
Eu não pago de Gueto
como um monte de branco,
que esquece que por aqui como disse Caetano

"São quase todos pretos"
Não entende o que eu to dizendo
Acha que eu não tenho senso
Mas a minha identidade é bem mais que um documento.
E eu to me procurando desde antes de Dezembro
Outros dedos nas feridas, outros eixos, mesmos meios..
As rimas mortas , as revoltas, outras rotas...
Nem sou James Bond,
E todo dia é um novo pra morrer
E ó que eu nem ligo mais minha TV
Muito menos no canal 5
Acho fantástico, eu ainda odeio os domingos
Quero ver os malandrage
Se Unindo
Dos boy eu tenho é nojo
Nos enquadro por aqui, os moleque até esquece do jogo
Moro num pedaço de rua, num pedaço de tijolo
Vaidades são concretas
A realidade é que pede socorro.
Na real ninguém se importa
Outros se importam tanto quanto
Carro velho, só pega no tranco
Há mais verdade aqui do que estão habituados.
O Circo tá armado
e cês ainda não entenderam as tatoo de palhaço
A vida não é moeda
Tem muito mais do que dois lados
A terra não é plana,
seu olhar que é quadrado.
Se liga nas ideia
Desliga das inveja
Sua luta é só lucrar?
Cê vai falir que nem o seta
Dos cano sai da reta
Só não esquece sua meta
Nóis até esquiva da mira
Mas tem pivete dando tiro de testa
Progresso é isso memo
Dinheiro é a meta
Mas é embaçado ser sua regra
Bosta dourada de vários quilate
Não morde nem se grita: - Pega!!
Eu acredito
um dia, vou me aliviar de ver os meus cabelos brancos,
Ver preta de black no rabo de arraia,
derrubando
as sinhá do tamanco
Com meus filho no parque, sem medo de cop,
embrazando no passo romano
É o incêndio do império
O grito de guerra, escute: é em ketu e banto
Nois até sonha alto
E a gravidade treme
É hereditário
Asa não é coisa só de anjo
Meus irmãos são Jordans e Daiane dos santos.
-- Papini

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