DO QUE SE TRATA?


De que se trata
a poesia afinal?
A questão não se cala
Será que é sobre fim?
Será que é sobre dor?
Rimo, sigo a solução em cada estrofe
escrevo, escrevo em tom de deboche
Leia! Como é lindo meu terror!
O verso se formou onde pra ser doutor?
Se vomitei minha angustia e quis dividir,
Porque espero que o leitor cuide de mim?
No mundo onde empatia é luxo, a loucura é o refugio...
E a paz?
A paz vende entorpecente
O poeta declama que ninguém sente

O coletivo anda de Ré
E o ego? ééé...
Acho que o bagulho é de quem tá de pé!

E Quem não reza pra cachaça
Pode muito bem chapar de fé
Fumar vários,
baseado na sua crença em Yaveh

E tratamento?
Me arrebento
por dentro,
escavando outro lamento,
no fundo da psicose procuro, do que se trata?
Cada linha é um Pow!
MAS pra onde aponto minha arma?

Do que se trata?
Do que se trata?

O mini histérico da escrita adverte:

Gritamos de dor,
NUNCA falamos de cura
Antes de se medicar escrevendo,
Leia a Bula.

-- Papini

RELATO DE UM RETRATO


Trampo, Tempo, Trago
no peito o desespero, a consciência do estrago
Vem a neura todo dia,
assim que vejo o extrato
da conta Vazia
A tanto tempo, a gente nota o descaso
do estado de espirito
Assim me vejo, como pregar o desapego
Se nem eu estou comigo?
E a paranoia cresce, acumulando inimigos
Seguimos
Sem saber qual
Os caminhos são confusos
Os poemas são lamentos, as palavras vão com o vento
Quero extrapolar meus textos
Vivo desviando da dor
E o emprego??
Martelando feito prego
A pergunta me esfola
E na mente a fuga grita, como vou viver de esmola?
Quero correr da minha sina
Espero que a canção me sirva
De incentivo pra lembrar
do verso que foi promessa:
"Eu vou e prometo me cuidar"

-- Papini

A ânsia de aparecer é tanta
Que estão pisando uns nos outros...
Logo os guarda chuva, terão de servir de guarda solas.
Já engessaram até o bom dia.
Ao passo em que as relações se tornam plásticas...
O toque vai se tornando performance
Onde o afeto é questão de score.

De
Ser
de
novo
o
que
já foi
será?
Mesmo
que seja


Pode
ser.

INGRATIDÃO SINTÉTICA


O nada que possuo
Engole e traga
O que quer
que eu seja
O habito de inalar fumaça
de ser o último a deixar a mesa

O valor me retirou o apreço do espelho
A ânsia
me vomita a busca
de ar
e a mente?
Repete o que gurus de todos os tempos recitam:
"O seus Anseios
somados aos dias
É ingratidão pela alforria
Seja grato ao Senhor!"
Meus joelhos calejados
Já ignoram a dor
Ir pra onde não tem volta
Sair desse mundo de bosta
Nem pra isso
Nem pra nada
Sol
o Peso
Desce
Há casa
Antes escrever merda,
Que o choro da minha mãe
Todo dia é fuga disso
Todo dia afundo nisso
Todo dia é imerso
Sempre quis ser âncora.
peso só quando não quero
Desde criança tenho fé
Já Morri.
O inferno?
É aqui
Dentro.

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