Me vejo entediada numa sala cheia de gente
Sem muito o que fazer.
Rodando a caneta de um lado a outro da mesa.
E de repente
Me lembro de um repente
Feito nas ondas do mar
De um paraíso que por alguns instantes foi particularmente seu e meu.
Me lembro dos aplausos ao universo
Que atiçou até a vontade do mar de sentir o nosso sabor.
Lembranças ainda tão vívidas  que geram calor e arrepios ao mesmo tempo.
E o tempo, esse começa a passar sem que eu perceba.
Fecho os olhos e revivo toda aquela poesia
Que foi linda e singela e naquele instante,  
Eterno.

-- Ana Lee

Sem Título #04

Quero beijar suas partes,
as que eu não posso tocar,
beijar seu jeito doce,
beijar o sorriso grande,
beijar a sua voz,
Quando cantarola
pequenos trechos de música
Isso não significa que eu não queira
beijar entre suas pernas,
lá já existe poesia,
que explode suspiros.
Beijos alucinógenos,
desses que dão larica,
E que devem ser
queimados
devagar...
Nesse pomar de beijos, eu só quero seu fruto doce.
Nesse monte de querer, não cabem todos os beijos que tenho
Floreio até achar significado,
ando descalço no jardim
 me deixa beijar os seus sentidos
Desde a ponta das suas folhas,
até seus galhos,
suas raízes
suas loucuras
são desenhos feitos de riso e carinho.
Me disseram que eu era passarinho,
pousei na tua copa,

Ah, que sorte a minha!

Eu sempre soube,
sou canino
bobo de tudo,
ladro mais que mordo,
Uivo pra lua
Talvez
os olhos profundos dela
cantem pra mim.

Dos Desejos Sortidos

O Chão me massageia
Minhas costas já estavam reclamando
O peso era ensurdecedor
Eu não me ouvia.
Até que caí.
Desde então,
não sei mais qual lado é o de cima,
permaneço caindo,
a sensação é de flutuar...

VIVA ATÉ MORRER

O Aviso foi bem claro.
Obedeci.
Cheguei ao meu pedaço de paraíso.
Lá os estalos de beijo são livres
Os corpos podem
Juntos
Aplaudir o céu estrelado
Dentro do meu peito
um inquietamento explosivo
no topo da minha cabeça uma euforia dispersa.
As poesias estão em cada articulação
nos cantos do meu sorriso bobo,
vazando pelos olhos frouxos...

O espetáculo ficou guardado em mim
feito cicatriz
Daquelas
que a gente
Deseja.

Dos equívocos poéticos de fim de ano

Chegou o dia internacional de você me ferir
E me dizer que realmente sente por me machucar
Não que eu não mereça, eu sou vil e não tão calmo assim
Só acho muito rude a intenção de tentar me enganar

O olhar fabricado retalhou as asas do pardal,
me diz, o seu discurso era só a sua falta de ar?
As flores na janela e o balanço do nosso jardim,
queimados feito incenso vagabundo vão se desmanchar

No mês passado eu pisei nos sonhos que cê construiu
E eu te disse que não havia jeito de me reformar
Te fiz chorar cachaça e suas artérias fui eu que entupi
Prendi seu tornozelo prometendo que íamos voar

Abril houve um desastre que estraçalhou a sua paz
Seu peito só mentia ritmado pra você dançar...
Acinzentei as cores da janela ao entardecer
Poetas são espinhos são espinhos perigosos para se regar

Nós fomos um erro

A gente já sabia.
iriam sobrar feridas
corações machucados se entrelaçaram.

As promessas foram infundadas
cavamos alicerces na areia
nós fomos um erro.

Agora somos nada.

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